como uma frágil pétala que sente
a gota molhada de chuva apenas no presente
como um ingênuo recém-nascido
que alumia a pupila com os primeiros feixes de brilho
como a teimosia pueril dos pelos
que não cessam de nascer mesmo que aos atropelos
quero devolver à palavra a sua leveza
afastar do seu uso toda espécie de dureza
tirar da palavra o peso do desgastado
dissolver o montante de sentidos já usados
[fé, acreditar, redimir…]
[pensar, sentir, refletir…]
palavras estão além do que se atribui
palavras estão aquém do que se atribui
por isso ainda mantenho uma alegre esperança:
acho que ainda é possível falar “amor”
como uma criança que, sem medo, descobre que ama!