interna-me, por favor!
eu não consigo ser feliz com apenas uma casa, um marido e um filho
sérios problemas me acometem
não consigo me sentir satisfeita com a lambança diária da vida
interna-me, voz da razão!
sei que sabes o melhor para mim!
sei que tens a resposta para minha questão!
interna-me, então: não possuo a vareta mágica do uso correto da razão
meu gestos expressam demais
minha voz fala demais
meu teatro encena demais
interna-me e salva o que resta de mim!
interdita meu corpo, paralisa meus olhos, cala a minha boca!
retifica minha intensidade
prende meu instante ao eterno
desvela minha essência!
ó grande mestre, suplico-te que me internes
pois perdi a membrana que separa ficção e realidade!
não sei mais viver sem teatralidade
e vivo cada momento como uma grande esquete!
interna-me para que eu possa ter essa paz!
interna-me para que eu possa ter a normalidade que tanto te apraz!
interna-me para que eu não seja esse louco coiote!
interna-me não para que eu não morra…
mas sim para que eu me mate!