Belfast - Can We Touch?

2016

Em 25 de novembro, um ano e meio após a última apresentação de "Can we touch?" na capital do Rio de Janeiro, tive a oportunidade de realizá-lo novamente. Desta vez, na cidade de Belfast (Irlanda do Norte), no “Sonorities Festival: Contemporary Music and Creative Technologies”, organizado pela Sonic Arts Research (SARC) da Queen's University Belfast.

Diferente do espaço aberto do Noble Hall do Parque Lage, o local reservado para a encenação de "Can we touch?" no Sonorities Festival foi uma  charmosa e hermética sala. As suas paredes, preenchidas com um padrão de xadrez de madeira, criaram um isolamento acústico que permitiu que o silêncio da performance reverberasse ainda mais.

Com este novo layout espacial, a dinâmica relacional com o público também adquiriu novos contornos: confrontada com o mal-estar gerado pelo barulho cada vez que a porta era aberta e fechada, o regime de trocas passou a acontecer um a um, aos poucos, pessoa por pessoa. O novo enquadramento revelou-se bastante interessante: tanto o grau de intimidade como a disponibilidade dos participantes foram aumentados.

Com permanências variante de dez a quarenta minutos, o público do Sonorities Festival conseguiu alargar as possibilidades do “Can we touch? ”: movimentos que improvisavam danças, jogos de espelhamento, dilatação do tempo de descanso de um olhar, assimetrias, corpos que se levantavam e, por fim, o toque físico das mãos.

Pude encontrar uma espécie de textura: de relacionamento, de intensidade, de um incitamento ao olhar que se tornava fetichizado pela presença da tela. Foi uma experiência muito rica e produtiva: novos caminhos foram abertos graças às conversas e trocas sobre a experiência da performance, como a possibilidade de inserir camadas sonoras a partir dos cruzamentos provocados pelo encontro dos telefones celulares.

Agradecimentos especiais a Fabricio Sortica, Juan Manuel, Miguel Ortiz e ao fotógrafo do Sonorities Festival.

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